Dá-me filhos, senão morrerei

Grandes homens da Bíblia foram filhos de mulheres estéreis. Mulheres que tiveram tal obstáculo removidos por Deus por vários motivos. Algumas geraram seus filhos por causa de terceiros, como Sara, que gerou Isaque (Gn 16) por causa da promessa de Deus a seu marido, Abraão; como a esposa de Manoá, que gerou Sansão por ter sido escolhida por Deus (JZ 13); como Rebeca que gerou os gêmeos Esaú e Jacó por causa da  fé e da oração de seu marido, Isaque (Gn 25:21), da mesma forma que Isabel, que gerou João Batista, por causa das orações de seu marido, Zacarias. Mas quero destacar duas mulheres que tiveram sua esterilidade removida por suas posturas de fé e perseverança: Ana, que se tornou mãe por perseverar em oração e por cumprir o voto feito com Deus (1Sm 1); e  Raquel, esposa de Jacó, que por causa de sua indignação e sua revolta pelo fato de não ter filhos (Gn 30:22) exclamou, não suportando mais tal dor: “Dá-me filhos, senão morrerei !” (Gn 30:1). A postura de não desistir diante do impossível, deu Samuel a Ana e deu José a Raquel. Nota bene: Os filhos por elas gerados mudaram a história de seus povos. Assim deve ser a Igreja, através da postura de cada um de nós. Cada cristão deve clamar por filhos espirituais.  Cada servo de Cristo deve ter uma postura não apenas de insatisfação, mas  de inconformismo e revolta diante do fato de, passando-se dias, meses e anos conhecendo cada vez mais a Palavra de Deus, ainda serem estéreis. É hora de cada um se levantar e clamar: “Dá-me filhos, senão morrerei!”

Nascemos para gerar filhos espirituais para Deus. Mais do que árvores que devem dar frutos, somos semeadores que devem plantar as sementes que hão de germinar tais árvores, das quais se esperam frutos para Deus, mesmo que cujos frutos talvez nunca conheçamos durante nossa peregrinação por esta terra, serem outros os ceifeiros (Jô 4:35 a 38). Mas  não podemos deixar de semear a boa semente.

É maravilhoso louvar a Deus, é abençoador revermos nossos irmãos culto após culto, e edificante ouvirmos a pregação da Palavra de Deus, nos fortalecendo do que lemos em casa e do que ouvimos pelos púlpitos. Mas é fundamental que jamais saiamos do foco central de nossa missão: a pregação do evangelho. Há pessoas com dezenas de anos na igreja que, com os anos, ao invés de se tornarem pescadores de homens, povoando o  céu, ficam amargas, criticando lideranças e denominações, tendendo a valorizar igrejas que evangelizam pouco e tem boas programações sociais, e criticando as que mais evangelizarem fora do formato que entendem como dentro de seu padrão aceitável. Pomposos por fora e estéreis por dentro, criticam os outros, mas não são capazes de distribuir um folheto durante todo o ano, nem mesmo colocando no escaninho de seu prédio. Com mãos sem calos e joelhos lisos, decidiram se conformar com sua esterilidade. Você não pode permitir que arranquem o seu útero – apesar de toda pressão do inverno e destas pessoas que povoam as igrejas dizendo-se irmãos. Jamais deixe de clamar: “Dá-me filhos, senão morrerei!”

No século XVI o ex-padre e, então, pastor reformista John Knox repetia o clamor de Raquel e dizia: “Dá-me a Escócia, senão morrerei!”. Após dezenove meses na prisão e anos no exílio, ao regressar à sua terra, sob a sua influência o parlamento escocês declarou o país oficialmente protestante (em dezembro de 1567) recebendo a Igreja Escocesa o nome de Igreja Presbiteriana. Knox morreu, mas seus frutos ecoaram pelos séculos.

“Dá-me filhos, senão morrerei!”. Creia, clame, insista, lute, persevere. Gere filhos espirituais, evangelize. Multiplique para Deus os dons e talentos que Ele te confiou. Multiplique para Deus as almas que andam perdidas, sem paz, sem luz, sem salvação. Não aceite ter uma vida estéril, árida em seus frutos e acomodada em suas ações. Devemos deixar de gastar tempo criticando a Igreja de Cristo sem que antes, nos olhemos no espelho e nos envergonhemos de nossa esterilidade passiva. Sim, o trabalho de parto é árduo, mas é não somente necessário como que é o que Deus espera de nós. Preocupamo-nos mais com os porcos que comem as pérolas de nosso tempo, esforço e energia que com os pecadores perdidos que precisam ser salvos, gerados espiritualmente para Deus através do novo nascimento (Jô 3:1 a 7). Líderes devem mudar seu clamor de “Dá-me membros nas igrejas, senão morrerei!”, para “Dá-me filhos, senão morrerei!”. Não perca o foco. Não perca o sentimento de insatisfação ao ver vidas que rumam perdidas à perdição. Não deixe esfriar o sentimento de inconformismo ao apenas ver e constatar sua esterilidade, sem nada fazer.

Jamais deixe de clamar: “Dá-me filhos, senão morrerei!”.

 

Pr. Martinho Lutero Semblano

Extraído do Jornal Vida News.

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